quinta-feira, 20 de abril de 2017

Não à eutanásia, por Padre João Nuno de Pina Pedro


As recentes notícias sobre a eutanásia constituem fator de grande preocupação. Parece que o nosso país está muito tranquilo mas, infelizmente, poderemos brevemente assistir a mais uma página negra na história do nosso país e da Igreja Católica em Portugal.
Tudo indica que o Governo português e os partidos políticos que o apoiam, imbuídos de suficiente materialismo dialético e de ateísmo, preparam-se para aprovar a eutanásia, após a vinda do Papa Francisco a Portugal. Em 2010, aprovaram o casamento entre homossexuais, como comemoração do Centenário da República, logo após a visita de Bento XVI. Agora, também em pleno Centenário das Aparições de Nossa Senhora de Fátima, parecem querer assinalar essa data, com mais uma lei destruidora dos valores humanos fundamentais e da fé cristã, que é a inviolabilidade da vida humana.
A doutrinação das consciências já está a ser efetuada há vários anos, com a ajuda indispensável dos principais jornais e canais televisivos portugueses.
Entendo que um Estado civilizado não pode decidir quem pode viver e quem pode ser morto (desgraçadamente já o podem fazer às crianças até às dez semanas, no ventre materno). Agora, pretende-se a morte dos doentes em estado terminal, numa situação física, psíquica e espiritual de grande fragilidade. Ora, a legalização da Eutanásia irá subverter o conceito de Estado de direito, porque um estado verdadeiramente civilizado tem que defender todos os cidadãos, sobretudos os mais fracos, indefesos e vulneráveis; assim como irá subverter o conceito da Medicina, que igualmente deveria promover e defender a vida humana em todas as suas etapas.
Estamos perante uma situação muito grave, porque se trata de implantar a ditadura do Estado e um clima de terror. Com efeito, é o Estado, por meio do Governo, que se arvora no direito de decidir quem pode viver ou quem pode ser morto nas suas fronteiras.
Um Estado democrático e civilizado não deveria nunca promover a crueldade e permitir que doentes sejam mortos com uma injeção letal. Como é que um Estado terá legitimidade para depois condenar a violência doméstica, os maus tratos nas escolas e outros atentados à dignidade da pessoa humana e à paz, quando pretende promover a eutanásia?
O mal é como uma avalanche e um cancro, este se não for extirpado alastrará. O aborto em Portugal é este primeiro cancro que está a alastrar, como é manifesto. Com a eutanásia, Portugal está em risco. O futuro da fé católica, em Portugal, está em risco.
O adágio popular é claro: “Quem cala consente”. O pastor tem que guardar e vigiar o rebanho, alertando para os lobos e enfrentá-los numa luta corpo a corpo, dando a vida se necessário for (cf. Jo 10, 11).
Não se pode cair no erro de que não vale a pena. O tempo urge. Trata-se de lutar por valores fundamentais da civilização e da Igreja. Está na hora de tomar medidas, sem perda de tempo, antes que seja tarde de mais. Um dia, no juízo particular, que o Senhor Jesus não nos acuse de cobardia, de passividade e negligência.
A instauração do Reino de Cristo implica, obviamente, trabalhar para que abunde a justiça e a paz em toda a terra. E não se pode ignorar a presença de Cristo na pessoa dos pobres, dos doentes e dos marginalizados, segundo os princípios cristãos da paternidade e fraternidade universais.
Sendo assim, urge enfrentarmos este tremendo atentado à vida humana, através das seguintes ações:
- Fomentar uma jornada de oração de intercessão e reparação pelos governantes e deputados portugueses e pela não aprovação desta lei iníqua;
- Denunciar esta calamidade, que visa dar mais um passo na ditadura da morte e de terror, no nosso país;
- Participar na manifestação a realizar em frente da Assembleia da República no dia 1 de Maio, das 15h00 às 17h00.

 *Pároco de Urqueira, concelho de Ourém, diocese de Leiria-Fátima

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